A Noite de Natal – Clement Clarke Moore e Lisbeth Zwerger

Com o título original The Night Before Christmas: A Visit from St. Nicholas, este poema clássico do americano de C. C. Moore, texto que terá dado origem à lenda e à imagem de de Santa Claus, posteriormente corporizada pela Coca-Cola, foi escrito, em 1822, para ser oferecido como prenda de Natal aos seus filhos.

L. Zwerger, prémio Hans Christian Andersen 1990, torna este livro num obra de arte  onde se poetiza a chegada do Pai Natal. Rxpressões como a do sapatinho colocado na chaminé ou a dos sonhos e das rabanadas atribuem à sua adaptação indícios de tradições de Natal portuguesas, uma forma de nos aproximar do poema em que o universo infantil e o maravilhoso são notas dominantes.

A tradução e adpatação é de José Jorge Letria.

Aqui está o poema em português.

A noite de Natal

Era a noite de Natal e nenhum ruído se ouvia,
Nem sequer o de um ratinho em louca correria.
Na chaminé, os sapatinhos pareciam esperar
A hora marcada para o Pai Natal chegar.
As crianças, nas caminhas bem aninhadas,
Tinham doces visões com sonhos e rabanadas
.A minha mãe de lenço e eu de gorro posto
Já nos preparávamos para dormir com gosto.
Vindo do telhado, ouviu-se um tal ruído
Que eu fui logo ver o que tinha acontecido;
Em direcção à janela corri como uma seta,
Abri o cortinado e deixei a janela aberta.
A lua que no meio da neve acabara de cair
Tinha um brilho tal que tudo fazia reluzir
E então surgiu, como se saísse da fala dos poemas,
Um pequeno trenó puxado por oito renas.
Aquele que o conduzia tinha um rosto paternal
E eu logo percebi que estava ali o Pai Natal.
Velozes como águias, faziam-no as renas voar
E, assobiando e gritando, não parava de as chamar.
Força, Flecha! Agora tu, Bailarina!E tu agora, Cavalinho! Raposinho, mais para cima!
Anda, Cometa! Avança, Cupido!Donzela e Trovão, apurem-me esse ouvido!
Sobre o alpendre toca a aterrar e este muro vamos sobrevoar.
E agora vamos descer todos juntos, sem parar.
Tal como as folhas secas arrastadas pelo vento
Se erguem no ar tocando o firmamento,
Assim as renas ao telhado chegaram,
Levando com o Pai Natal os brinquedos que juntaram.
Depois, subitamente, no telhado eu escutei
O leve bater das patas das renas que encontrei.
E acercando-me delas docemente,
Deparei com o Pai Natal ali mesmo à minha frente.
Vinha vestido de pele, mas um pouco amarrotado,
Mostrando, por causa da cinza, o rosto mascarrado.
E o saco dos brinquedos que ele às costas trazia
Fazia lembrar um vendedor com a sua mercadoria.
Tinha olhinhos brilhantes, e as covinhas que engraçadas!
O nariz parecia uma cereja e as bochechas rosas orvalhadas!
Na sua boca sorridente bailava um sorriso leve,
A barba toda branca parecia feita de neve.
E do cachimbo que entre os dentes apertava
Saía uma coroa de fumo que a sua cabeça enfeitava.
Quando ele se ria, como um sol numa vitrina,
A barriguinha redonda tremia como gelatina
Gordinho e rechonchudo, tinha um ar bonacheirão
E se eu me ri ao vê-lo assim, por isso peço perdão.
Meneando a cabecinha e com os olhinhos a piscar;
Depressa me mostrou que nada havia a recear.
Sem dizer uma palavra, tratou de pôr mãos à obra,
Enchendo os sapatinhos com o que trazia de sobra.
Depois, levantando o dedo á altura do nariz,
Entrou na chaminé e partiu com ar feliz.
Ao saltar para o trenó, às renas assobiou,
Elevando-se nos céus como uma pena voou;
E antes de desaparecer, ainda o ouvi exclamar:
´

Boa noite e feliz Natal,
Vos venho aqui desejar!

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